27 abril 2016

A atitude do treinador perante a arbitragem


Desde sempre me lembro de ver jogos de futebol e estar atento à postura dos treinadores perante as equipas de arbitragem, notando que em muitos casos a atitude dos treinadores é de agressividade.

Sendo a equipa de arbitragem algo fundamental para a realização dos jogos, e que, sendo estes humanos, também têm o direito ao erro, essa postura, embora percebendo que o futebol é um jogo de emoções e de nervos, sempre me causou alguma impressão.


Desde logo essa postura cria-me confusão pois o treinador, a meu ver, tem de ser o elemento mais ponderado, ele tem de estar completamente focado nas incidências do jogo, na sua equipa e adversário, de modo a ler o jogo da melhor forma e conseguir desse modo criar as condições para controlar o jogo e alterar o que seja preciso alterar.
Estando focado na arbitragem, claramente irá perder a concentração nos aspectos fundamentais do jogo.

Deste mesmo modo, essa mesma postura vai ser transmitida para os jogadores através da linguagem corporal do treinador, notando essa postura de irritação para com a equipa de arbitragem e podendo também eles focar a sua atenção nesta e perder a concentração no jogo.
Esta postura de ansiedade e agressividade do treinador poderá também transparecer para os jogadores noutros aspectos, levando a que estes demonstrem também em campo agressividade perante a discussão dos lances de jogo e mesmo perante as decisões do árbitro, podendo com isto vir a ser expulsos e beneficiar a equipa adversária com isso.

Se a postura do treinador para com a equipa de arbitragem for demasiado agressiva, poderá fazer com que também este possa vir a ser expulso do banco, deixando a equipa sem o seu líder por perto, influenciando e desconcentrando os jogadores, tornando as indicações e correcções por parte do treinador impossíveis e a tomada de decisão nas alterações dependente da confiança na equipa técnica ou na informação que se consiga fazer chegar a esta.

Por muito que se treine os factores psicológicos, a equipa de arbitragem também poderá sentir-se pressionada, levando a desconcentrações, tomadas de decisão erradas ou mesmo influenciando inconscientemente as decisões contra a sua equipa.

Finalizando, esta postura leva também a uma desculpabilização do treinador e da equipa perante factores externos, podendo isto levar a que não haja uma abordagem e correcção por parte do treinador aos erros cometidos pela equipa nesse jogo e mesmo aos jogadores pensarem que não há nada a corrigir por parte destes, pois a culpa foi atribuída à arbitragem. Um treinador que atribui o resultado aos factores externos, neste caso a arbitragem, estará inconscientemente a permitir que a mensagem passada para o grupo seja de satisfação pela sua performance, ou pelo menos, de que a sua prestação não necessita de ser corrigida ou melhorada de modo a que o resultado venha a ser diferente. Até mesmo para o próprio treinador será interiorizada uma mensagem de que o trabalho não deverá ser repensado e quem sabe alterado em certos aspectos, de modo a permitir uma resposta diferente no futuro.

Por muito que os factores externos possam condicionar o trabalho realizado, será sempre fundamental para o treinador e jogadores pensarem nos factores internos, pois estes sim, estes podem ser cada vez mais aperfeiçoados de modo a que os externos não sejam tão relevantes para o resultado.

Serginho

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