Desde que José Mourinho chegou ao futebol pela porta de treinador principal, que se assistiu em Portugal a um “boom” na contratação de jovens treinadores, fenómeno raro por estes lados, que trouxeram consigo alguns resultados interessantes.
O sensacionalismo da imprensa desportiva portuguesa tratou logo de chamar a estes jovens treinadores, “treinadores de nova geração”. Muitas das vezes até referindo que estes seriam a salvação do futebol e que os treinadores de “velha geração” já não serviam.
Será que é uma questão de idade?
Primeiramente teremos de ver o contexto futebolístico. É uma realidade bem visível que o futebol tem vindo a ter uma evolução brutal (se é para melhor ou para pior é uma questão que fica para outro artigo), e nesta evolução têm participado activamente os jogadores, que cada vez são mais inteligentes, sabem pensar por si e gostam de perceber porque estão a realizar determinado exercício e qual o objectivo deste.
Em segundo lugar, teremos de perceber que de há alguns anos para cá, se tem assistido ao fenómeno de os treinadores procurarem mais formação, essencialmente académica/universitária, de modo a ser mais competentes no seu trabalho. Neste caso, essencialmente os chamados treinadores de “nova geração”.
Em terceiro lugar, muitos dos treinadores já consagrados, tendo tido uma vida inteira a obter resultados sempre com a mesma metodologia, não acompanharam a evolução do futebol, procurando mais formação e evoluindo de modo a acompanhar a evolução do futebol e dos jogadores.
Por último, há sempre excepções à regra, como tal não se pode generalizar a qualidade dos treinadores à sua data de nascimento.
Então há nova geração de treinadores e velha geração de treinadores?
No meu entender, não. Pode-se sim dizer que há treinadores que souberam perceber a mudança e evoluíram e outros treinadores que continuaram e continuam perdidos no tempo, estagnados.
Casos sintomáticos disso será o de treinadores jovens que continuam a apresentar metodologias estagnadas, aguentando-se na corda bamba no futebol profissional, saltando de clube para clube, às vezes muito por culpa do nome ou do seu agente.
Em contra-ponto, temos agora o caso mais mediático de todos, no qual Cláudio Ranieri, um treinador com muita experiência mas pouco palmarés, encontra-se actualmente em primeiro lugar da liga mais mediática do mundo, com uma equipa de tostões que subiu há duas épocas, exactamente porque, como o próprio afirma nas entrevistas, se soube reinventar e utiliza agora abordagens que nunca pensou utilizar anteriormente.
Apresentando conclusões, posso afirmar que não se trata de uma questão de idade, mas sim uma questão de mentalidade do treinador. A humildade para perceber que se pode evoluir todos os dias, a necessidade de querer sempre mais conhecimento, a sabedoria de planear toda a época, a transmissão do conhecimento aos seus jogadores e a postura com que aborda o futebol.
Serginho
Não posso estar mais de acordo!Um abraço!
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