18 maio 2016

O treinador de futebol


Um dos papéis mais importantes no futebol será o do treinador. Essencial em todo o processo de funcionamento da equipa, e no entanto, o elo mais dispensável para os responsáveis do clube.

O treinador de futebol tem de aprender a conviver com isso, por isso é que se torna fundamental que este se torne cada vez mais forte nas suas competências, de modo a que demonstre as suas capacidades, potencie a equipa e reduza as possibilidades de dispensa.


Deste modo, o treinador, antes de aceitar uma proposta, deverá ter em conta os seguintes princípios:

- Procurar conhecer o contexto onde se vai incorporar. Saber como é a estrutura do clube, os seus pontos fortes e aspectos a melhorar. Procurar conhecer o grau de envolvimento dos directores dentro da estrutura da equipa, se estes são interventivos (positiva ou negativamente) ou mais ausentes. Caso seja apresentada uma equipa técnica da casa, procurar conhecer com quem se vai trabalhar, o grau de envolvimento destes, o grau de conhecimento e essencialmente procurar conhecer pessoalmente cada um de modo a perceber se vão trabalhar bem em conjunto. Conhecer o restante staff responsável pela parte logística, pois serão absolutamente necessários para o desenvolvimento de um bom trabalho. E também deve procurar conhecer o grupo com o qual irá trabalhar, sabendo quem se mantém na equipa, quem entra, procurar conhecer o seu background, problemas por onde tenham passado, estabilidade na vida emocional/afectiva e capacidades.

- Procurar conhecer as condições que lhe são oferecidas. Não só em termos de vencimento, mas essencialmente, em termos de condições para trabalhar, tais como campos, flexibilidade de horários, condições logísticas, … como também em termos de capacidade de negociação de jogadores que se pretenda adquirir.

- Saber quais os objectivos que pretendem que atinja. Este aspecto torna-se fundamental, pois se não acredita que as condições que lhe estão a ser oferecidas são suficientes para atingir os objectivos que exigem, então o projecto é inviável.

- Ser inflexível na negociação dos aspectos que considera fundamentais para o desenvolver do seu trabalho. Qualquer cedência poderá vir a ser prejudicial no futuro, por isso procurar obter todas as condições que ache fundamentais para a realização de um bom trabalho. E aqui volto a referir que para além das condições financeiras, outros aspectos se tornam também bastante importantes para a realização de um bom trabalho.


Passando para o grupo com que se vai trabalhar, por norma o ser humano tem a tendência para preferir sempre o caminho do menor esforço, e o jogador é igual. Torna-se então fundamental ao treinador que consiga chamar para si os jogadores e coloca-los a trabalhar como deseja. Para tal o treinador precisa de demonstrar ao grupo:

- Espírito de liderança. O treinador tem de conseguir fazer com que os jogadores o sigam e sigam o caminho que pretende para a equipa. Quando se entra numa equipa, pode ser mais fácil ou mais difícil de acontecer, olhando os jogadores também ao percurso e background que o treinador traz consigo. Mas no fundo, a manutenção desta liderança vai depender sempre da qualidade do trabalho que o treinador apresenta e da sua capacidade de lidar com o grupo.

- Deve demonstrar conhecimento. Para que um grupo acredite e lute pelo treinador, este deve inequivocamente apresentar conhecimento de todo o processo que pretende para a equipa. Deve apresentar ideias próprias, não copiar o que se vê dos outros, mas saber qual o caminho que se quer seguir e como fazer para chegar lá.

- Trabalhar de forma profissional. Seja profissional ou amador, o treinador deve ter sempre uma postura profissional. A preparação dos treinos ao pormenor terá de ser uma realidade, a programação de objectivos para o treino coadunando todos os exercícios para esse objectivo, a semana ser sistematizada em relação ao jogo, o jogo deve ser preparado e explicado aos atletas e, essencialmente, manter uma postura profissional em todos os momentos.

- Mostrar exigência. O treinador deve desde logo demonstrar ao grupo que pretende trabalho deste, mostrando níveis de exigência na realização dos exercícios, do treino e jogos.

- Ser pedagogo. Acima de tudo, qualquer que seja a idade ou o escalão, não há nenhum jogador que saiba tudo sobre o jogo. Quando um treinador encontra uma realidade na qual tem de ensinar um jogador ou corrigir algum erro deste, esse processo tem de ser realizado prontamente e de forma pedagógica. A equipa irá reconhecer que o treinador está disposto a dar conhecimento aos jogadores e à equipa e mostrarão uma postura de mais abertura às ideias que se querem implementar.

- O treinador deve essencialmente dar o exemplo. Tudo numa equipa será reflexo da postura do treinador. Se o treinador não é profissional no seu trabalho, a equipa também não o será. Se o treinador pede pontualidade aos atletas, terá de ser o primeiro a demonstrar isso para o grupo. Se o treinador pede espírito de sacrifício e entrega ao grupo, ele terá de ser o primeiro a demonstra-lo ao grupo. Uma equipa “bebe” a postura do seu treinador, este terá de estar ciente que o que dará ao grupo é o que terá de volta.


O futebol é um mundo sempre em evolução, e como tal, a função de treinador também o é. Para tal o treinador deve estar em constante evolução.

- A troca de ideias e partilha de conhecimentos entre treinadores é algo fundamental para o desenvolvimento pessoal de cada treinador e para o desenvolvimento da classe.

- A procura de mais formação também é um ponto importante no desenvolvimento do treinador. Ninguém nasce ensinado e muito menos sabe tudo.

- A leitura de literatura pode ser bastante importante para ver outras realidades de trabalho.

- A procura de estágios de observação será porventura aquilo que poderá trazer ainda mais benefícios para o desenvolvimento do treinador. O estar dentro de um treino de outro treinador, ver o treino noutra perspectiva, perceber o porquê de realizar as coisas daquela maneira, a sua interacção com o grupo e, sobretudo, a discussão disto tudo no final. Aprende-se sempre com os outros, não copiando mas adaptando as aprendizagens à sua realidade e às suas ideias.


Serginho

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