23 junho 2016

O nascimento de uma equipa


“Para alcançar êxitos elevados é necessário ter uma equipa onde todos (treinadores e jogadores) se empenhem colectivamente na conquista dos objectivos a que se propõem.” Pacheco, R. (2005)


Um dos papéis mais difíceis que um treinador tem de gerir será porventura o de conseguir construir uma equipa, fazer nascer de um conjunto de jogadores um grupo, com espírito de equipa, com sacrifício, com companheirismo e com capacidade de luta e entrega pelo outro e pelos objectivos da equipa.

Essa é a questão fundamental que pode influenciar toda uma época desportiva, tanto para a transcendência da equipa como para o desmoronar desta. Quantos exemplos temos nos quais equipas consideradas bastante fortes fazem campeonatos abaixo das expectativas e equipas consideradas mais fracas se transcendem e fazem campeonatos acima da expectativa.

No fundo todos sabemos que tal se deve a uma multiplicidade de factores que vão desde a competência do treinador e equipa técnica, competência da estrutura organizativa do clube, capacidade dos jogadores, percepção de competência treinador-jogador e jogador-treinador, capacidade de liderança, capacidade motivacional, capacidade de transmitir o que se pretende dos processos de jogo, qualidade dos recursos materiais e logísticos para se trabalhar, etc.

No entanto há sempre aspectos que se podem trabalhar e fomentar de modo a superar isso tudo e ajudar o trabalho do treinador a conseguir tirar da equipa o seu maior rendimento.


Para tal será necessário fomentar:

- Comprometimento de todos os intervenientes em relação aos objectivos grupais. Ao conseguir que os atletas se comprometam com os objectivos que se pretendem para a equipa, tornar-se-á mais fácil que estes demonstrem em campo um espírito de sacrifício e entreajuda;

- Comprometimento com a tarefa. Ao haver por parte de todos os envolvidos um comprometimento com o treino, com o processo, permitirá que haja mais coesão intergrupal;

- A atitude dos jogadores perante todos os aspectos do treino, do jogo e de toda a envolvência. A superação terá de estar presente em todos os momentos, o querer fazer mais e melhor do que ontem, o saber que se pode sempre tentar fazer melhor;

- A capacidade de assimilação dos processos, trabalhando com cada um de modo a permitir uma evolução individual em prol do grupo;

- O espírito de equipa, permitindo momentos de interacção grupal, não descurando o haver sempre competição entre os elementos para que haja superação entre si.


No fundo sabemos que nem sempre um grupo de atletas pode ser uma equipa no seu todo, e que nem sempre os jogadores estarão mais comprometidos nos objectivos grupais do que nos seus objectivos individuais. Neste aspecto torna-se fundamental que o treinador perceba e saiba lidar com a situação de modo a que os objectivos individuais do jogador se tornem importantes para o colectivo e não contraproducentes para o grupo, e levar o jogador a perceber que para atingir os seus objectivos individuais necessita de todo o grupo.

No entanto, não se pode pensar que se trata de fazer com que todos os jogadores sejam amigos, até porque isso depende do foro pessoal de cada um e não pode ser forçado, mas sim de os fazer entender que numa equipa têm de lutar todos pelo mesmo, todos uns pelos outros para um determinado objectivo, confiar uns nos outros para que não haja sobreposição de papéis, entender os objectivos pessoais de cada um e encaixar nos objectivos do grupo, manter sempre um estado de competição, superação e alerta para que o treino e os jogos sejam no limite.


Serginho


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