23 janeiro 2017

Qual o próximo passo? A evolução da formação em Portugal não pode estagnar…


Numa altura em que a formação de jogadores jovens parece estar cada vez mais em alta em Portugal, com vários destaques a nível internacional pelas suas selecções jovens, quer masculinas quer femininas, assim como vários jovens de inquestionável qualidade a aparecer cada vez mais nos destaques dos jornais ou os bons destaques que as equipas Portuguesas conseguem na Youth League, torna-se fundamental que se continue a pensar em formas de aumentar esta produtividade no que diz respeito à formação do jogador Português.


Para tal convém ter em conta o que de bom tem vindo a ser feito na formação, assim como pensar no que poderá ainda ser feito para poder tirar ainda mais proveito da formação de jovens jogadores, quer para os clubes como para a Selecção Nacional.
Poderemos afirmar sem sombra de dúvidas que um dos pontos mais positivos para o aparecimento de cada vez mais jogadores de qualidade no panorama sénior é a criação das equipas B. estas permitiram que os jovens saídos da formação encontrassem logo um espaço de competição no qual poderiam evoluir a nível sénior continuando a sua maturação futebolística. Isso veio permitir aos jovens jogadores não estagnarem o seu crescimento, não terem longas paragens no seu ritmo competitivo por terem jogadores com mais estatuto na sua posição, veio permitir a que possam ser chamados às respectivas equipas A com ritmo competitivo, e que este ritmo competitivo abranja também as chamadas às respectivas Selecções Nacionais, permitindo ainda que quando estes jogadores sejam emprestados a equipas do 1º escalão já seja com o objectivo de serem titulares e não apenas segundas opções.
Claramente poderemos apontar outros factores que definitivamente influenciaram este boom formativo, tais como uma maior e melhor formação dos treinadores, e respectiva escolha de profissionais competentes para acompanhar os escalões de formação por parte dos clubes formadores. Assim como a existência de modelos de formação em vários clubes, dirigindo já a sua formação não só na procura de resultados competitivos, mas também de objectivos formativos a serem alcançados e de modelo de jogador pretendido.
Outro dos factores que a meu ver permitem a evolução dos jogadores é o facto de estes terem sistematicamente estímulos competitivos fortes, para tal devem competir sempre a um nível alto contra equipas competitivas. Deste modo parece-me algo contraproducente que as equipas de 1º ano compitam a nível distrital, muitas das vezes contra atletas mais velhos (o que se torna um ponto positivo) mas frequentemente contra equipas de fraca qualidade.
Assim sendo apresento uma possível proposta, e não passa disso, uma proposta para discussão, de modo a perceber se não haverá outra forma de fazer evoluir ainda mais a já forte formação que se faz em Portugal.

Sub13

Partindo de baixo para cima em termos de escalão etário, acho que a Federação deveria começar a ter a seu cargo os escalões a partir dos sub13. Sendo que estes numa primeira fase seriam da responsabilidade das respectivas Associações Distritais, as quais dentro dos modelos que praticam, seriam responsáveis por ditar os 2 representantes do escalão para competir a nível nacional em futebol de 9, o qual ditaria 36 equipas continentais a competir em 6 séries zonais de 6 equipas a competir a uma volta. No final as 1as classificadas de cada série iriam disputar entre si o Campeão Nacional também a uma volta, enquanto as outras se dividiriam em séries de 5 equipas a disputar os vencedores de séries a uma volta, sendo que aqui poderia haver nova divisão de séries para haver outros estímulos competitivos.

Sub14

Aqui neste escalão haveria também mudanças. Uma vez que bastantes equipas apresentam na sua estrutura equipas de sub14 a competir nos campeonatos distritais de sub15, e que em alguns casos a competitividade desses escalões é díspar, sugiro a criação de um campeonato nacional de sub14, em tudo semelhante ao modelo existente no campeonato nacional de sub15.
Numa primeira fase, seriam convidadas todas as equipas participantes no campeonato nacional de sub15 a incorporar as suas equipas de sub14 no campeonato nacional de sub14. A partir daí, e em consonância com as Associações Distritais, que seriam obrigadas a apresentar também campeonatos distritais de sub14, as subidas e descidas seriam decididas através do modelo já existente nos sub15.
Isto permitiria aos atletas dessa idade competirem a um nível superior e permitiria ainda uma melhor base de observação para as Selecções Nacionais.

Sub15

Nos sub15 o objectivo será manter-se o que já existe. Apenas com um reparo, no qual actualmente as equipas que estão inseridas na 2ª fase e não conseguem a qualificação para a fase de apuramento de Campeão Nacional, ficam sem competição numa fase muito antecipada da época.
A sugestão aqui seria que as equipas que não conseguem o apuramento para a 3ª fase se mantenham em competição decidindo entre si os campeões de série. Mais uma vez poderia haver mudanças nas séries de modo a haver outros estímulos competitivos. Isto permitiria a estas equipas a incorporação dos atletas do escalão abaixo a outra realidade competitiva.

Sub16

Este escalão torna-se em tudo semelhante ao escalão de sub14. Uma vez que as equipas de 1º ano se encontram a competir num contexto distrital, as equipas que participam no Campeonato Nacional de sub17 seriam convidadas a apresentar equipas para este escalão, havendo depois as respectivas subidas e descidas em consonância com os resultados dos Campeonatos Distritais do escalão sub16.

Sub17

Em tudo semelhante ao campeonato nacional de sub15, até nas alterações no quadro competitivo de modo a não haver interrupção competitiva precoce.

Sub18

A criação deste escalão vem de uma perspectiva educativa/profissional. O que se pretende dizer com isto? Por norma os jogadores sub19 enfrentam uma escolha, que passa por tomar a decisão de ir para a universidade, de começar a sua vida profissional num contexto fora do futebol ou fazer um ano sabático nos estudos de modo a apostar no futebol.
Neste sentido parece-me prioritário apostar no escalão de sub18 como o escalão de entrada para o contexto sénior.
As equipas participantes no campeonato nacional de sub19 seriam convidadas a inscrever as suas equipas no campeonato nacional de sub18 no contexto competitivo existente.

Sub19

Na sequência da perspectiva que o 2º ano de júnior já é para os atletas uma fase de transição na qual se tomam decisões educativas e profissionais com todas as consequências que daí advém, tendo em conta ainda que nesta fase de formação a maior parte dos jogadores já apresentam uma base formativa e física que lhes permite a inclusão no futebol sénior, a sugestão é da extinção deste escalão.
No entanto a formação ainda não está completa, aspecto ao qual devemos ter em conta, mas tal formação terá de ser concluída em contexto sénior.

Equipas B

Aqui se torna fundamental referir que este terá obrigatoriamente o último momento formativo do jogador.
Para que tal aconteça, é absolutamente necessário mudar o panorama das equipas B, não nos seus objectivos, mas na sua escassa existência.
Deste modo, a sugestão será que seja obrigatório para todas as equipas a competir em escalões profissionais, i.e. as equipas que competem na Liga NOS e Liga Pro Ledman (1ª e 2ª Ligas), apresentarem equipas secundárias de modo a permitir a evolução dos jogadores jovens.
O ambiente competitivo destas equipas a serem criadas (obviamente as que já existem se manteriam na divisão em que já militam), para aquelas que apresentam a equipa principal na 1ª Liga, seria o CPP, enquanto que para aquelas que apresentam a equipa principal na 2ª Liga seria a Divisão principal da respectiva Associação de Futebol. Havendo para tal um momentâneo alargamento dos respectivos campeonatos.
No caso de, havendo descidas ao CPP, a equipa desistisse do projecto, aquando da sua subida aos campeonatos profissionais a equipa secundária teria de iniciar o seu trajecto na última divisão da sua Associação Distrital. Assim como qualquer subida aos campeonatos profissionais nos anos seguintes de equipas sem equipa secundária, esta iniciaria o seu trajecto também na última divisão da sua Associação Distrital.
Neste contexto, a sugestão será a de que nestas equipas secundárias apenas possam competir jogadores sub21 e, sabendo que este tipo de equipas poderá ser também um momento importante de evolução de jogadores que compitam pouco nas equipas principais e de recuperação de forma física após lesão, a utilização de no máximo 2 jogadores que ultrapassem esse escalão etário por ficha de jogo.

Numa perspectiva de aposta e evolução do jovem jogador Português e do jogador formado localmente, as medidas não podem terminar com as equipas B. deste modo também no futebol profissional teriam de haver medidas de incentivo.
Assim sendo, as propostas que me parecem mais lógicas e exequíveis seriam a de aumento dos elementos presentes na ficha de jogo, passando dos actuais 18 jogadores para os 20 jogadores, sendo que 3 destes teriam de ser obrigatoriamente sub21 e 50% dos jogadores presentes na ficha de jogo, i.e. 10 jogadores, teriam de ser formados localmente.


Obviamente esta proposta não passa disso mesmo, uma proposta, mas visa essencialmente colocar a questão de como se poderá evoluir ainda mais a formação no nosso País.
Tendo em conta, essencialmente nos escalões de Iniciados (juniores C) e Juvenis (juniores B), a existência de equipas de 1º ano a competir num nível de exigência mais baixo (contexto distrital), a criação de mais campeonatos nacionais (sub14 e sub16) poderia trazer mais competitividade.
Sendo o escalão de Juniores (juniores A) um escalão onde por norma os jogadores de 2º ano tomam uma decisão académica e/ou profissional, retirando muita qualidade a equipas que fiquem fora dos contextos académicos e profissionais, a criação de um escalão sub18 e extinção dos sub19 torna-se uma decisão lógica para uma maior competitividade no escalão, antecipando a entrada dos jogadores num contexto profissional/semi-profissional.

Serginho

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